26 de junho de 2009

A estrela que persegue Dunga



O futebol parece ter tirado esta Copa das Confederações para dar provas de sua magia.

Na última coluna, eu escrevia o quão fantástico o futebol era por dar oportunidade aos mais fracos, aproveitando a vitória dos Estados Unidos sobre a Espanha.

Eis que, no day after, os deuses do futebol resolveram aprontar de novo.

A semifinal entre Brasil e África do Sul não foi um jogo cheio de emoções, com lances perigosos, sustos, contra-ataques.

Foi partida de uma emoção só, crescente à medida que o tempo passava – e fomentada pela surpresa do dia anterior.

Era da expectativa de mais uma zebra, o que seria fascinante. Até certo ponto da partida, a vitória do Brasil seria um anticlímax caso acontecesse.

A brava resistência sul-africana foi levando torcedores do mundo todo para o lado Bafana Bafana – inclusive brasileiros que não aceitam uma seleção com Gilberto Silva ou que se irritavam com a passividade de Dunga diante do resultado.



Até que o técnico brasileiro resolve colocar Daniel Alves no lugar de um exausto André Santos.

Um lateral direito na esquerda? O que se passava na cabeça de Dunga?

Tudo bem que Daniel já atuou pela canhota no Sevilla, mas... se o problema foi cansaço, por que não o reserva imediato Kleber?

E se o lateral do Barcelona é um dos jogadores com maior potencial ofensivo da seleção, por que não colocá-lo do lado que ele rende mais, pela direita, mesmo que fosse no meio, para não tirar Maicon? Ainda sobravam alterações para que ele fizesse essa mudança.

Talvez nem Dunga saiba explicar. Intuição de quem convive próximo aos deuses da bola, de quem já passou por uma reviravolta dentro de campo e agora parece iluminado também fora dele.

Quando aos 43 do segundo tempo, o árbitro apita uma falta para o Brasil, perto da área e pela esquerda, a reação foi imediata na redação da TV Bandeirantes, onde eu assistia o jogo com alguns amigos: “quer ver que o Daniel Alves vai cobrar, fazer o gol e o Dunga vai sair como herói da partida?”.

Dito e feito. O excelente lateral brasileiro cobrou com perfeição, no canto que o goleiro sul-africano deixou aberto para a bola entrar. Dunga vibra.

Que história! O lateral que ganhou a posição, mas voltou para reserva em dois jogos, entra no finalzinho do lado “errado” e sai como herói da partida.

Coisas do futebol. Inexplicável.


Uma pena apenas por Joel Santana, que chegou a acreditar pelo menos numa decisão por pênaltis, mas não foi cutucado pela magia invisível do futebol. Não naquele momento. Mas está de parabéns pelo modo como transformou o jogo que seria de cartas marcadas em um daqueles para se relembrar por muito tempo.

Um comentário:

Filipe Abreu disse...

É verdade, só mesmo os deuses do futebol pra explicar como essas coisas dão certo pro Dunga. A final do domingo mostrou isso de novo. Elano no lugar do Ramires? E o cara bate o corner na cabeça do Lúcio. Eita Dunga.