9 de junho de 2009

O príncipe vira rei: inevitável!!



O anúncio oficial da ida de Kaká para o Real Madrid foi apenas a confirmação de uma transferência que se fazia inevitável pelas circunstâncias nas quais se encontram todos os envolvidos na negociação.

Os ventos do destino criaram uma situação da qual nem o jogador nem os clubes poderiam escapar. Some-se uma grave financeira mundial aos títulos que não chegaram para o Milan na temporada e à ausência da equipe na última Liga dos Campeões. Adicione o fracasso de um Real Madrid pé-no-chão e sua carência por um grande ídolo.

A negociação foi boa para todas as partes: Kaká é a solução dos problemas do Real Madrid. A transferência é a solução das dívidas do Milan. E a camisa branca do time merengue é o gás que o craque precisava para continuar jogando no mais alto nível.

Vamos entender um pouco mais cada lado dessa história??

MILAN – o pomposo clube italiano não soube se adequar a uma temporada de plebeu. Fora da Liga dos Campeões, deixou de receber todo o dinheiro que a maior competição de clubes do mundo proporciona. Precisava apertar os cintos, lacrar o bolso, mas em vez disso contratou caros medalhões como Ronaldinho Gaúcho, Shevchenko e Beckham.

O investimento até cobriria uma parte do rombo se, com ele, viessem também os títulos. Mas as faixas de campeão não deram as caras por Milanello na temporada. O clube caiu cedo na Copa da Uefa, na Copa da Itália e ficou bem distante da rival Inter no Italiano.

Com tudo isso, os cabelos de Adriano Galliani (foto) só não caíram quando ele fechou o balanço financeiro da temporada por um motivo bem simples: o responsável pelo futebol milanista já não os têm. A conta rubra deixou negra a situação do Milan. Era a hora de se desfazer do maior ídolo para deixar as contas em dia.

Claro que, atendendo à torcida, o Milan poderia fazer um esforço para manter Kaká e se desfazer de outros jogadores, mas essa é uma hipótese romântica demais para a realidade mercadológica do futebol atual.

A perda de vários elementos seria muito mais difícil de recompor. O volume do vai-vem no futebol europeu já não é mais o mesmo e não há tantos bons jogadores no mercado.

Além disso, o Milan não tinha como recusar os caminhões de dinheiro do Real Madrid. Se declinasse a oferta, dificilmente voltaria a receber outra semelhante.

O tempo desvaloriza o jogador. Não por queda de rendimento ou porque ele fique velho, a experiência até faz bem, mas o tempo de “vida útil” diminui e o contrato se aproxima do fim. Quando ele termina, o jogador fica livre para decidir seu destino e o clube não leva nada em troca.

O Milan aproveitou o potencial de Kaká ao máximo, como poucas vezes se viu no futebol. Tirou-o do São Paulo ainda jovem, a “preço de banana” como se dizia na época, e formou um craque maduro, que se tornou o melhor jogador do mundo, o maior ídolo da exigente torcida rossonera.

A recompensa por esse trabalho veio primeiro em forma de títulos e, agora, o clube italiano colhe os benefícios financeiros. Uma valorização de aproximadamente 800%. Além disso, criou com o jogador uma relação de eterna e mútua gratidão, que pode o trazer de volta um dia.

Por mais contraditório que pareça, a saída para o Real eternizou Kaká em Milanello.

REAL MADRID – a política pés-no-chão implantada por Ramón Calderón não deu certo no clube merengue. O título espanhol já não sacia o apetite do maior campeão europeu de todos os tempos – e nem nacionalmente o Real, repleto de holandeses, conseguiu se impor.

Além de conquistas, o torcedor madridista ficou carente de títulos. Não soube se adequar a um elenco de jogadores “apenas” bons – precisava de grandes astros, dignos de Hollywood. Estava com saudades de um tempo não muito distante em que o clube era o centro das atenções no mundo do futebol. Uma era galáctica, de craques como Ronaldo, Zidane, Figo e Beckham, juntos, do mesmo lado do gramado.
Ciente das carências, Florentino Pérez voltou à cena cheio de promessas e, claro, faturou as eleições presidenciais do clube. A proposta do dirigente era a de repetir a gestão anterior e o projeto ganhou na Europa o apelido de Galáxia 2.0.

O técnico contratado para comandar a nave foi Manuel Pellegrini. O chileno que projetou o até então inexpressivo Villarreal em nível europeu chegou com a promessa de que teria em mãos o melhor elenco do globo terrestre.

Para mostrar que não estava de brincadeira, o Real Madrid apelou para seus dois maiores trunfos: o money power, poder do dinheiro, e a grandeza mundial do clube. Com as duas cartas na mão, partiu para a realização de um sonho antigo: a contratação de Kaká.

Kaká tem a imagem necessária para ser o maior astro da capital espanhola. Kaká tem a bola necessária para fazer do Real Madrid um clube vencedor. Nunca um jogador aliou futebol e marketing tão bem como o brasileiro.

Por mais discreto que tente ser, o craque é sempre o centro das atenções, vende camisa e tem apelo junto à torcida feminina. Tudo isso sem ser polêmico e problemático como Cristiano Ronaldo, o astro que mais se aproxima dele nos tempos atuais.

Era de Kaká que o Real precisava.

KAKÁ – ídolo em Milão ele já é. Não vai deixar de ser porque está de saída. A resistência em sair no começo do ano, quando foi assediado pelo Manchester City, foi prova do quanto ele valoriza e tem carinho pelo Milan.

Melhor jogador do mundo pela Fifa, campeão da Liga dos Campeões, campeão do mundo pela seleção brasileira, campeão do mundo entre clubes, campeão italiano, campeão de tudo e admirado por todos. Na Itália, por mais que jogasse 60% do que sabe, continuaria sendo amado e idolatrado. O craque é inteligente, sabe disso e não queria se acomodar.

Kaká precisava de um novo desafio, arrebatar novos seguidores e não havia momento mais ideal para deixar o Milan. Com a saída de Carlo Ancelotti, o clube está encerrando um ciclo, do qual o brasileiro fez parte como protagonista. A perda do brasileiro será menos sentida no atual momento de renovação. É hora de dar espaço para outros.

Havia também uma preocupação com a imagem. Kaká não poderia trocar o Milan por um clube de nível inferior. Era preciso manter o status, continuar entre os maiores, na mídia, nos holofotes. E, nessas condições, apenas três destinos eram possíveis: Manchester United, Barcelona e Real Madrid.

Se desafio era a questão, Real Madrid era a melhor resposta. A cobrança por lá é enorme, uma das mais pesadas do mundo. Os torcedores e a imprensa não entendem as derrotas ou empates, exigem vitórias, títulos e bom futebol. Na capital espanhola, Kaká terá de mostrar todo seu repertório o tempo todo. E ele está adorando isso.

O que pouca gente tem comentado é o objetivo real deste ousado projeto do clube espanhol: a conquista da décima Liga dos Campeões, um marco histórico não só para o Real Madrid, mas para o futebol europeu e mundial. E Kaká tem tudo para ser o grande responsável por esse momento. Este é o grande objetivo do craque.

Se conquistar o décimo título europeu dos merengues e for ídolo no Real Madrid, já sendo idolatrado no Milan, Kaká tem tudo para alcançar a condição de mito do futebol mundial. É para isso que ele caminha.

E assim como a transferência, o trocadilho é inevitável, no Real Madrid, Kaká vai passar de príncipe a rei.

2 comentários:

Ivan Goncearuc disse...

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Marco Bello disse...

Grande Wilson Junior!!

Primeiro, muito obrigado pelos elogios!

E você, hein, tá importante!!

Parabéns pelo blog e pelo trabalho na TV, Juneca!

Abraços do amigo,

Marco.