22 de julho de 2009

O sumiço de André Santos e Cristian



Não aconteceu ainda, mas vai acontecer. O sorriso de André Santos, sempre muito receptivo às solicitações da imprensa, e as lágrimas de Cristian na despedida do Corinthians serão lembranças bem distantes dentro de alguns meses.

O futebol turco cresceu muito nos últimos anos, é verdade, principalmente após o terceiro lugar da seleção local na Copa do Mundo de 2002 e da surpreendente campanha do mesmo Fenerbahçe na Liga dos Campeões de 2008.

Mas o que pouca gente prestou atenção é que André Santos e Cristian não vão disputar a mais importante competição de clubes do mundo nesta temporada. Os representantes da Turquia serão Besiktas e Silvasspor. O Fenerbahçe vai jogar apenas a Liga Europa, que chega para substituir a Copa da Uefa.

O fato é que aquele time do Fener só apareceu mesmo para o mundo após as oitavas-de-final. Só então os europeus passaram a prestar atenção em Alex, Lugano, Maldonado, no técnico Zico e em jogadores da seleção turca, como Semih Senturk.

E foi só. A boa fase da equipe turca naquele momento não foi o suficiente para levar Alex, Edu Dracena ou Deivid para a seleção brasileira, como bem lembrou a amiga e repórter da Band, Emmily Virgílio.

Acho muito difícil que venha a acontecer algo diferente. Talvez André Santos permaneça no time de Dunga pelo sentido de grupo que o treinador tenta manter, mas ainda assim ele terá a forte sombra de Marcelo, que deve brilhar num Real Madrid galáctico.

Já para Cristian, que vinha sendo alardeado como um dos melhores volantes em atividade no Brasil, deve ter sido mesmo um tiro no pé em termos de Copa do Mundo.

Claro que uma transferência para a Europa envolve muitos outros fatores, como dinheiro e a vontade do clube e de empresários, mas se os jogadores tiveram participação na decisão final, creio que optaram pelo caminho errado.

No Corinthians, seguiriam em destaque para o Brasil e certamente receberiam propostas de clubes com maior visibilidade. É aí que eu me pergunto: será que foram corretamente instruídos?

7 de julho de 2009

Inevitável comparação


Após a apresentação de Cristiano Ronaldo, foi inevitável a comparação com a festa promovida uma semana antes para a chegada de Kaká.

Tem sido assim desde que os dois foram contratados. E deve ser assim por muito mais tempo, quando os dois estiverem em campo.

A imprensa nacional, principalmente a não esportiva, se prendeu aos números de público: nas contas do Real Madrid, quase 85 mil para o português contra 40 mil do brasileiro.

Na verdade, acho que foi um pouco menos. Quando Kaká chegou, falava-se em 35 mil e esse número foi inflando. Para Cristiano Ronaldo, 85 mil seria a lotação do estádio. Não foi tanto.

O fato é que Kaká e Cristiano Ronaldo são mesmo diferentes. Em todos os aspectos. É quase como se fossem mocinho e vilão.

E, convenhamos, existem vilões que são muito mais amados que certos mocinhos. Tem sido assim com o craque lusitano, novo dono da camisa 9 merengue.

E se é pra comparar, então, que o façamos em todos os aspectos:

Kaká custou 65 milhões de euros.
C.Ronaldo custou 94 milhões de euros.

Kaká levou quase 40 mil torcedores ao Santiago Bernabeu. Metade do estádio.
C.Ronaldo levou mais de 80 mil e bateu o recorde histórico de apresentações de jogadores, lotando a casa madridista.

A apresentação de Kaká tinha um mistério a mais: qual seria o número que o craque iria vestir. Já o portuga entrou com uma ousada camisa 9 escrita apenas Ronaldo, sem o C. que usava no Manchester United, quase uma provocação ao Fenômeno brasileiro que usou o mesmo número em sua segunda temporada em Madri (vale lembrar que inicialmente Ronaldo foi 11).

Kaká mostrou a camisa 8 e balançou.
C.Ronaldo beijou o escudo do Real.

Kaká decorou um discurso em espanhol, língua que pouco domina.
Cristiano Ronaldo se deixou levar pela emoção e foi no improviso.

A torcida escutou Kaká atentamente.
O gajo mal conseguia falar. A torcida ia ao delírio a cada 5 palavras ditas pelo português.

Kaká, maduro, parecia mais acostumado a grandes públicos.
C.Ronaldo se mostrava emocionado como um menino diante da multidão.

Kaká e Cristiano Ronaldo encerraram o discurso com o mesmo “Hala Madrid” para inflamar o público. O brasileiro o fez timidamente e balançou o estádio. O português convocou a torcida para gritar junto numa contagem até 3, gritou com as mãos para o alto e quase derrubou o Santiago Bernabeu.

Após o discurso, Kaká cumprimentou, autografou, desfilou.Cristiano Ronaldo fez questão de brincar com a bola, fazer seus malabarismos.

Dentro de campo, acho que os dois vão se equivaler. Melhor: podem se completar. Kaká é marido. Cristiano é amante.

Ou, parodiando a ótima letra de Arnaldo Jabor em Amor e Sexo: Cristiano Ronaldo é do bom. Kaká é do bem.

Kaká é amor. Cristiano Ronaldo é sexo.

Confesso que me empolguei mais com a apresentação do português. E discordo de quem acha que ele foi falso ao dizer que estava realizando um sonho de criança. Todo garoto europeu quer jogar no maior clube do mundo. Por que com ele seria diferente?

A emoção estava estampada no rosto de Cristiano Ronaldo. Depois dessa, ninguém mais segura o rapaz. Era o que faltava para ele ter certeza de que está no topo do mundo (porque essa desconfiança ele já tinha).

Vale a pena rever abaixo o grande momento da apresentação:


6 de julho de 2009

Visões sobre Dunga



Um dos temas mais abordados neste blog desde a criação dele tem sido o atual técnico da Seleção Brasileira, Carlos Caetano Bledorn Verri, o Dunga.

Quem lê os meus textos, deve imaginar que tenho ódio mortal pelo capitão do tetra. Aí é que está o maior engano. Ele é um dos meus maiores ídolos.

Já escrevi em outros sites a respeito. Para mim, existem dois Dungas. O ex-jogador e o técnico da seleção brasileira. Não consigo separá-los.

Existe, no entanto, um terceiro Dunga, que poucos conhecem. O ser humano, sem cargo, sem rótulo, sem câmeras, microfones, flashes ou aspas.

O nosso chefe de redação lá no esporte da Band, Dudu Magnani (na foto, fazendo hang loose!), trouxe no blog dele uma visão bem interessante sobre o treinador e ex-jogador.

Recomendo a leitura.

Fui tocado em cheio pelo texto e publico abaixo o comentário que deixei no blog do Dudu. Ajuda bastante a entender o modo como escrevo sobre o técnico da seleção.

“Eu era desses meio com o pé atrás em relação ao Dunga técnico da seleção..

Tanto por acreditar que ele poderia, por exemplo, treinar seu Colorado de coração antes para pegar mais cancha, mas principalmente porque fui fã do Dunga jogador e achava que essa experiência na seleção iria queimar o passado vencedor dele com a amarelinha...

Depois, comecei a torcer contra mesmo, por discordar totalmente das opções dele... coisas de torcedor... sem contar que não achava nada a ver aquele jeito exótico de se vestir no começo... era a desconstrução de um mito.

Confesso que já estou mudando de idéia. Mas tenho saudade de admirar o Dunga de 94, de querer jogar como ele (sempre fui volante), de dar o mesmo sangue que ele, nos jogos ou na vida, de defender a presença dele no time que foi à França em 98...

O "meu Dunga" é o ídolo jogador, e acho que sempre vai ser. O Dunga técnico pra mim é outro. Sorte sua que, além dos dois, conhece o Dunga ser humano, ou seja, o verdadeiro Dunga.”

5 de julho de 2009

Comentando Comentários I










Amigos que acompanham este humilde blog. Digo amigos porque descobri que tenho, sim, seguidores das bobagens que escrevo e faço questão de agradecê-los.

O único sentido de publicar o que penso é ter público. É a teoria da comunicação. Todo emissor precisa de um receptor.

E fico muito feliz a cada comentário que recebo, principalmente quando postados naquele tópicozinho (olha o cacófato) “pitacos” abaixo de cada texto.

Tem gente que eu nem esperava que freqüentasse este espaço, como o Otávio, velho amigo de faculdade, e o Bruno Menon, ex-cunhado. E tem outros que eu praticamente obrigo a ler, como Fernando Chiari, fiel parceiro de trabalho. Tem até o Karan Novas, também jornalista, que é provavelmente o meu leitor número 1.

Agradeço profundamente por comentarem e, por isso, criei uma seção que vou publicar de vez em quando, chamada Comentando Comentários.

O título é auto-explicativo. Faço questão de rebater cada comentário recebido, afinal os leitores são parte fundamental deste blog, e pinta muita coisa boa nos pitacos de cada texto.

Vamos lá??


Karan, amigo e jornalista, disse em 15 de junho: "Cristiano Ronaldo é um pobre diabo, apesar de não mais pobre, por questões óbvias, e não mais diabo, por deixar o Red Devils. Sua marra vai além da parte gloriosa, como um Ibrahimovic - que se diverte com a bola nos pés -, chegando a um ar de superioridade que vai além dos campos, quase passível de ser considerado um "mau caratismo". Ele é do tipo invejoso, que corre o risco de não se dar bem ao lado de um galáctico "à moda antiga" como Kaká, por puro ego, como foi citado. Se o brasileiro tem essa questão tirada de letra, o português é bem grosseiro com essa bola nos pés".

Eu digo: Brilhante texto, mas não acho que o ar de superioridade tenha relação alguma com “mau-caratismo”. Ainda aposto que vai se dar bem. E estou ansioso para ver mais essa apresentação galáctica.



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Karan, amigo e jornalista, disse em 16 de junho sobre a seqüência de derrotas que poderia derrubar Dunga: "Se acontecer tudo isso, já que é tudo baseado em hipóteses bem convincentes, o Dunga cai? Posso torcer?"

Eu digo: Torcemos, os dois. Agora vamos com o homem mesmo.

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Fernando Chiari, amigo e jornalista, disse em 22 de junho... "É, sr Wilson... Jamais o ataque vai ganhar um jogo pra Itália. Quando a defesa vai mal, um abraço".


Eu digo: Assino embaixo. Se depender só do ataque, um abraço. Mas vou dizer: a Itália está repleta de bons atacantes. Toni, Gilardino, Rossi, Del Piero, Borriello, Pepe, Cassano e ainda vem por aí... Balotelli, Acquafresca, Paloschi. O problema está na criação. Giovinco?? Pode ser uma boa. Sou fã do menino da Juve.

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Otávio, amigo e radialista, disse em 23 de junho... "Quem diria ein rapa, vc falando bem da seleção do Dunga, e eu vindo aqui pra comentar de futebol!!! Hahaha... Mas ae... Balotelli não dah ein manow... E cade um post sobre a saída do Muricy???? Abraço!!!"

Eu digo: Quem diria mesmo! Otávio, hoje trabalhando na ESPN, é da turma que entrou na faculdade de RTV da Metodista com repulsa de futebol. Não entendia meu fanatismo. Acho que isso mudou um pouco. Quanto ao Balotelli... o garoto é bom de bola, só precisa acertar a cabeça. Quanto ao Muricy... a Copa das Confederações estava a mil e não tive tempo, mas em breve vou escrever sobre a dança das cadeiras.

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Anônimo disse no dia 24 de junho, a respeito de Celso Injustiçado Roth: "Muito melhor que Vagner Mancini e Ricardo Gomes!"

Eu digo: Depende do ponto de vista. Mais eficiente, tenho certeza, mas acho até que o Vagner Mancini tem mais potencial para armar grandes equipes. E fica a pergunta: quem é o tal do anônimo?


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Filipe Abreu, atleticano, disse em 30 de junho, sobre Celso Roth: "Vai ser campeão em 2009".

Eu digo: Torcedores... Não acredito em tanto. Libertadores tá bom pra você?


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Karan, jornalista e amigo, disse no dia 25 de junho...

"Começo a achar que, se Dunga não tem experiência e visão ampla de um bom técnico, tem sorte o suficiente para suprir a deficiência. Meu medo é toda essa sorte ficar no caminho de uma Copa do Mundo, com todos os times "pequenos" entrando em campo como Egitos e Estados Unidos, bons exemplos a serem estudados para 2010.


Ou ele vai tropeçando e derrubando, por "acidente", os adversários até nosso sexto título; ou passa vergonha a ponto de borrar sua boa fama dentro de campo. Ainda prefiro os campeões por competência, mas se for para reforçar que ainda somos o melhor futebol do mundo, mesmo sem mostrar isso nos campos africanos, torço para a primeira opção".

Eu digo: Confiemos na sorte de Dunga e no talento dos nossos jogadores, afinal são eles que resolvem. Técnico bom é pra time fraco. O dever de um treinador com elenco forte é cuidar dos egos e não fazer cagada.


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Filipe Abreu, jornalista e amigo, disse no dia 30 de junho... "É verdade, só mesmo os deuses do futebol pra explicar como essas coisas dão certo pro Dunga. A final do domingo mostrou isso de novo. Elano no lugar do Ramires? E o cara bate o corner na cabeça do Lúcio. Eita Dunga".

Eu digo: Mais uma vez a sorte do homem. É bom saber eu não estou sozinho nessa parada.

3 de julho de 2009

Aplausos para André Santos


Quanta evolução!!

De jogador contestado e vaiado pela torcida do Figueirense a herói do tricampeonato corinthiano na Copa do Brasil e representante do time paulista na Seleção Brasileira.

Muito graças a Mano Menezes que conseguiu ensinar um pouco de marcação, e principalmente, o que é obediência tática ao camisa 27 do Corinthians.

A bela assistência no primeiro e o gol do título foram um prêmio merecido a um jogador que soube tirar aprendizado das críticas e nunca abaixou a cabeça.

André Santos ainda é deficiente no setor defensivo, mas ataca como poucos, não só indo à linha de fundo, mas também criando e finalizando com eficiência e vigor físico.

Bem que poderia ter sido assim na final de 2007...


O passado negro de André

Lembro-me dos tempos em que escrevia a seção Fala Fanático do site Fanáticos por Futebol, há pouco mais de três anos. André Santos era o principal alvo das críticas.

Como não perder a paciência com um jogador que atacava de maneira afoita, não tinha a menor noção de marcação e deixava buracos enormes no lado esquerdo da defesa?

Volta e meia, André dava demonstrações de sua habilidade criando jogadas de gol e até marcando os próprios gols, mas não era o suficiente.

Por isso, foi por um bom tempo apenas o reserva do ótumo Filipe, que está hoje no futebol espanhol e pode pintar como novidade no Barcelona para a próxima temporada.


O dedo de Mário Sérgio

Até que Mário Sérgio descobriu a receita do sucesso. No Figueirense vice-campeão da Copa do Brasil de 2007, escalou o time com três zagueiros.

Édson, que no mesmo ano disputou a Copa do Mundo Sub-20 com a seleção brasileira, fazia o falso lateral-esquerdo para dar cobertura aos avanços de André Santos, enquanto Chicão, outro que deu certo no Corinthians, ocupava o centro da zaga, mais na sobra.

Daí pelo resto do ano o Figueira passou a jogar no 3-5-2, mesmo após a chegada do técnico Gallo, e André Santos se tornou um dos destaques do time, pela eficiência ofensiva.

Tanto que foi eleito por muitos o melhor lateral da competição e acabou pinçado por Mano Menezes para o projeto Série B no Corinthians.


A evolução final

O treinador escolhido pelo Timão para levar o clube de volta à primeira divisão resolveu escalar o time no 4-4-2. Era hora de amadurecer o futebol de André Santos.

Mano Menezes, com muita inteligência e visão do material que tinha em mãos, tratou de providenciar a cobertura necessária para que o lateral jogasse tudo o que sabe, ao mesmo passo em que lapidava sua capacidade defensiva.

Deu certo. Com gols e assistências, André Santos se tornou rapidamente um dos ídolos da Fiel torcida e uma das principais e letais alternativas ofensivas do Corinthians.


Ganhou a Série B, ganhou o Paulistão, ganhou a seleção brasileira, a titularidade na Copa das Confederações, a Copa do Brasil e agora tem tudo para ganhar a Europa (e tem que aproveitar o momento para conseguir uma boa transferência).

Não me arrependo das críticas e aplaudo, muito, a evolução de André Santos, que fez um brilhante ano de 2007 pelo Figueirense, apesar dos erros anteriores da imaturidade.

Isto é Real Madrid


Foi difícil não se emocionar com a apresentação de Kaká ao Real Madrid.

O clube espanhol preparou um mega-evento, mais de 35 mil torcedores apareceram para recepcionar o craque brasileiro, mas não foi apenas Kaká o dono da festa.

Foi o pontapé inicial de mais uma era galáctica, uma forma de anunciar ao planeta bola: “estamos de volta”.

Uma autêntica cerimônia de gala, transmitida ao vivo pelo Real Madrid Channel, com distribuição para todo o mundo, via outros canais ou agências internacionais.

Logo na abertura, um belo clipe com imagens históricas do Real, com ênfase na primeira era galáctica, dando o tom do que está por vir pelas próximas temporadas.
Tudo com muita pompa e garbo, bem ao modo Florentino Pérez, com direito a um belo pronunciamento do novo velho presidente, que volta ao cargo com status de salvador.


O protagonista

A entrada de Kaká foi o momento de êxtase.

Já vestido de branco, para delírio da torcida, mas mantendo o mistério do número, só revelado com uma outra camisa, que chegou dobrada ao grande palco.


Minha aposta na camisa 10 não se concretizou, baseava-se numa possível preferência do clube. O craque escolheu o número 8, que usou por muito tempo na seleção brasileira, enquanto ainda havia outros à sua frente.

O uniforme do Real caiu muito bem em Kaká. Talvez por ser do mesmo fornecedor (Adidas) e ter o mesmo patrocinador (Bet and Win), mas também por simbolizar grandeza.

Kaká não fala espanhol e costuma não se arriscar nas entrevistas coletivas. ‘Habla’ para os espanhóis em português mesmo ou italiano, quando solicitado.

Para a apresentação, porém, tratou de ensaiar um breve discurso em espanhol, muito bem pronunciado diga-se de passagem, e com direito a um enfático "Hala, Madrid" ao final - o tradicional grito de guerra da torcida merengue. O rapaz é diferenciado.

O Real Madrid também separou um clipe só com a carreira do brasileiro. Do São Paulo ao Milan, com as passagens vitoriosas pela seleção brasileira. Teve até gol narrado do Galvão, junto com outras locuções italianas.

Para finalizar, a aproximação do craque com a torcida ao som de uma bela opereta espanhola. Coisa fina.


O maior do mundo

Não há como negar: o Real Madrid é o maior clube do mundo. Grandiosidade traduzida em títulos, vide as 9 Ligas dos Campeões conquistadas e expostas na apresentação de Kaká, e na repercussão de cada ação do madridismo.

Imaginem agora como será a apresentação de Cristiano Ronaldo. Já estou ansioso. Não havia porque gastar dois trunfos tão grandes numa apresentação só. Vão lotar o Bernabeu de novo.

Estou de queixo caído. E olha que nem sou muito adepto dos merengues.

1 de julho de 2009

Vai na raça mesmo


E deu Brasil mesmo na Copa das Confederações.

No início da competição, escrevi sobre o risco que a Seleção Brasileira corria de levar três chapuletadas seguidas e voltar sem crédito. Não me arrependo. O risco existia de fato. E era risco não probabilidade.

Quem acabou com a teoria foi o Egito, naquela brava vitória diante da Itália. A Azurra se perdeu ali. Entrou desesperada para mostrar grandeza diante do Brasil e não soube fazer o jogo que costuma lhe render resultados. Aquele foi o grande jogo da seleção brasileira, que tirou todas as ameaças do caminho.

Dali em diante, ficou tudo mais fácil e fora da minha previsão. O Brasil só perderia três seguidas com o trauma psicológico de um segundo lugar na chave e com uma embalada Espanha pela frente na semifinal. Não foi o caso.

Aí você me diria: mas se a Fúria perdeu para os Estados Unidos, não poderia perder também para o Brasil? Claro que sim. Mas tenho certeza de que entrariam muito mais atentos se tivessem a equipe pentacampeã do mundo pela frente. E, de qualquer forma, aquela derrota espanhola foi um resultado atípico.

Sem ter que encarar a Espanha, com uma final contra os Estados Unidos, o título estava no papo. Quase isso. A seleção norte-americana era a marca da superação no torneio e provou mais uma vez estar nos dias de sorte. Conseguiu 2 a 0 no primeiro tempo.

Poderia muito bem ter sido o resultado final da partida e hoje estaríamos todos criticando o técnico da seleção brasileira ferrenhamente.

O mérito de Dunga

Na etapa final da decisão, porém, veio a marca principal do que pode levar essa seleção de Dunga ao título mundial em 2010: individualidade dentro de campo + coletivo fora dele.

Escrevi após a vitória diante do Uruguai, há menos de um mês, que os resultados do Brasil vinham sendo construídos sobre valores individuais, com a vantagem técnica dos jogadores que vestem amarelo sobre os demais.

Faltou enxergar um pouco além. Dunga pode cometer equívocos de convocação, escalação, armação do time. Mas soube construir um grupo, de verdade, onde um quer ajudar o outro. Mais ou menos como Felipão em 2002. E bem diferente de Parreira em 2006.

O poder de reação daquele time do quadrado mágico era inferior. Individualmente, era tão bom quanto o atual. Mas agora os jogadores correm um pelos outros, enquanto no time de 2006 era praticamente cada um por si.

Além disso, se não ajuda, pelo menos Dunga não atrapalha na disposição tática da equipe. Há uma mobilidade infinitamente maior que nos tempos de Parreira – o que impedia, por exemplo, um bom rendimento de Ronaldinho Gaúcho.


Continuo achando que temos técnicos melhores que Dunga. Mas estou convencido de que agora não dá mais pra mudar. Os jogadores se fecharam com ele. E nós, torcedores, temos de nos fechar também.

Time que joga pra frente, técnico estrategista e com visão de futebol, isso não vai ter. Mas temos os melhores: Júlio César, Maicon, Daniel Alves, Juan, Lúcio, Kaká, Robinho, Pato, Luís Fabiano. Quando eles querem, fica difícil segurar.


26 de junho de 2009

A estrela que persegue Dunga



O futebol parece ter tirado esta Copa das Confederações para dar provas de sua magia.

Na última coluna, eu escrevia o quão fantástico o futebol era por dar oportunidade aos mais fracos, aproveitando a vitória dos Estados Unidos sobre a Espanha.

Eis que, no day after, os deuses do futebol resolveram aprontar de novo.

A semifinal entre Brasil e África do Sul não foi um jogo cheio de emoções, com lances perigosos, sustos, contra-ataques.

Foi partida de uma emoção só, crescente à medida que o tempo passava – e fomentada pela surpresa do dia anterior.

Era da expectativa de mais uma zebra, o que seria fascinante. Até certo ponto da partida, a vitória do Brasil seria um anticlímax caso acontecesse.

A brava resistência sul-africana foi levando torcedores do mundo todo para o lado Bafana Bafana – inclusive brasileiros que não aceitam uma seleção com Gilberto Silva ou que se irritavam com a passividade de Dunga diante do resultado.



Até que o técnico brasileiro resolve colocar Daniel Alves no lugar de um exausto André Santos.

Um lateral direito na esquerda? O que se passava na cabeça de Dunga?

Tudo bem que Daniel já atuou pela canhota no Sevilla, mas... se o problema foi cansaço, por que não o reserva imediato Kleber?

E se o lateral do Barcelona é um dos jogadores com maior potencial ofensivo da seleção, por que não colocá-lo do lado que ele rende mais, pela direita, mesmo que fosse no meio, para não tirar Maicon? Ainda sobravam alterações para que ele fizesse essa mudança.

Talvez nem Dunga saiba explicar. Intuição de quem convive próximo aos deuses da bola, de quem já passou por uma reviravolta dentro de campo e agora parece iluminado também fora dele.

Quando aos 43 do segundo tempo, o árbitro apita uma falta para o Brasil, perto da área e pela esquerda, a reação foi imediata na redação da TV Bandeirantes, onde eu assistia o jogo com alguns amigos: “quer ver que o Daniel Alves vai cobrar, fazer o gol e o Dunga vai sair como herói da partida?”.

Dito e feito. O excelente lateral brasileiro cobrou com perfeição, no canto que o goleiro sul-africano deixou aberto para a bola entrar. Dunga vibra.

Que história! O lateral que ganhou a posição, mas voltou para reserva em dois jogos, entra no finalzinho do lado “errado” e sai como herói da partida.

Coisas do futebol. Inexplicável.


Uma pena apenas por Joel Santana, que chegou a acreditar pelo menos numa decisão por pênaltis, mas não foi cutucado pela magia invisível do futebol. Não naquele momento. Mas está de parabéns pelo modo como transformou o jogo que seria de cartas marcadas em um daqueles para se relembrar por muito tempo.

25 de junho de 2009

A tal caixinha de surpresas


E não é que deu zebra? O futebol é mesmo fantástico. Que outro esporte é tão propenso a resultados inusitados? Que outra modalidade dá tanta oportunidade ao lado mais fraco? O vôlei, o basquete, a natação, o tênis, o atletismo podem até ter suas surpresas, mas nunca com uma diferença técnica tão grande.

O favoritismo da Espanha era indiscutível diante dos EUA. Mas nem por isso os norte-americanos entraram derrotados. Entenderam finalmente como funciona o tal “soccer” e sabiam, por isso, que havia chance de vencer. Encarnaram o mantra político do “Yes, we can” e estão na final da Copa das Confederações.

Há quem queira aproveitar o resultado da semifinal para desmerecer a qualidade do time espanhol. Dizer que era ilusão, que a seleção número 1 do ranking da Fifa não é tudo isso. Devagar com o andor. A Espanha não é campeã européia à toa. Não vinha de 35 jogos sem perder e 15 vitórias seguidas por acaso.

Xavi, Torres e Casillas ainda são melhores, por mais que Landon Donovan tenha técnica refinada, que Altidore seja um atacante de muita força e que o goleiro Tim Howard tenha feito uma partida espetacular, fechando a meta norte-americana.




Fator emocional

O que se deve discutir são as condições emocionais em que a partida foi disputada. Os espanhóis entraram cientes de que a classificação era apenas uma questão de quando, não de como, sairiam os gols. Foram arrogantes, é verdade. Também pudera. Como não seriam diante de tanta diferença técnica e de uma seqüência tão boa de resultados?

Já os norte-americanos se agarraram na mínima possibilidade que tinham de passar. Foram a campo dispostos a jogar tudo que podiam na esperança de que o destino sorrisse para eles novamente. O milagre maior já havia acontecido na primeira fase: a classificação inusitada, graças uma inesperada combinação de resultados, que incluía a goleada brasileira diante da Itália.

Enquanto o time espanhol esperava relaxado o momento de celebrar a 16ª vitória seguida, os Estados Unidos deram o bote. Pressionaram desde o início e encontraram um gol. Era o que eles precisavam para se fechar atrás, deixando correr somente o relógio e os campeões da Europa.

A Espanha, desmemoriada de seu passado, não entrou em desespero e foi deixando para depois. O trauma de ficar pelo caminho não haveria de voltar logo agora, a assombração estava enterrada. Só que o tempo foi passando e o nervosismo foi aumentando junto. No segundo tempo, virou desespero. O bombardeio parava na retranca ianque.

O gol não veio. Os Estados Unidos resistiram heroicamente e passaram. Zebra na final.


Zebra dupla?

Já que os EUA passaram pela Espanha, a África do Sul pode eliminar o Brasil? A resposta é sim. A probabilidade, porém, é baixa como era na primeira semifinal até o jogo terminar.

Se o resultado inusitado vai servir para Joel Santana dar uma injeção de ânimo na equipe sul-africana, vai servir também ao técnico Dunga como alerta de atenção para os jogadores brasileiros. Por mais que esteja em grande fase, o elenco verde e amarelo parece passar por um momento bem mais humilde e centrado, ainda provando ao mundo que pode render um bom futebol.

Por isso mesmo, acredito também que a zebra norte-americana já pastou tudo o que podia. Basta ao Brasil encarar os dois jogos restantes com seriedade para ficar com o bi da Copa das Confederações.

Até mesmo porque esta não é a primeira zebra da história na final da competição. Arábia Saudita, Camarões e Japão também chegaram à decisão, mas não levaram o título. O que mais se aproximou de ter sido uma grande surpresa foi a vitória do México sobre o Brasil na final de 1999, mas como os mexicanos jogavam em casa, não era assim tão azarão.

24 de junho de 2009

O injustiçado Roth


Olhe bem para a foto do cidadão acima. Com todo respeito às profissões que vou citar, poderia ser um porteiro de prédio, motorista de ônibus, um operário de fábrica, o típico trabalhador brasileiro. Esse sujeito tem cara de tudo, menos de treinador de futebol. E é exatamente isso que faz de Celso Roth o mais injustiçado dos técnicos deste país.

Muitos podem dizer que estou pegando carona no bom momento do Atlético Mineiro no Brasileiro. Eu provaria o contrário mostrando que já escrevi uma coluna com essa mesma teoria há três ou quatro anos. Provaria, porque não encontrei link nenhum da maldita para publicar neste blog recém-criado.

Voltando à questão. Celso Roth é sempre recebido com nariz torto pelos torcedores dos clubes que o contratam. Foi assim com meu amigo Filipe Abreu, companheiro de trabalho na TV Bandeirantes. Ele me passou a novidade com um tom de sofrimento antecipado e eu respondi brincando: “Bom, pelo menos vocês não vão mais ser rebaixados”.

Depois, com um pouco mais de seriedade, repeti minha tese de injustiça com este que é um dos técnicos mais regulares do futebol nacional e projetei que, com ele, o Galo estaria entre os oito primeiros do Brasileirão, no mínimo, e provavelmente entre 2º e 6º, já aproveitando para brincar mais uma vez com a fama de “nada vencedor” do treinador gaúcho.

Explico minha crença: os times de Celso Roth podem até não jogar o futebol mais vistoso, mas ocupam sempre as primeiras posições da tabela, e raramente apelando para a retranca, como muitos podem alegar. Na equipes que dirige, além da tradicional garra gaúcha, o técnico prega o equilíbrio, o calculismo, o futebol de resultados. É o que garante a regularidade, principalmente em pontos corridos.

Como o torcedor de futebol em geral não aceita a vitória magra, um empate calculista pelas circunstâncias de jogo ou a segurança em detrimento do risco, solta o grito da arquibancada cada vez que Celso Roth mexe no time: “burroooo...” “retranqueirooo...”, e para infelicidade dele, estes rótulos colaram em sua imagem.

Vamos analisar, então, os anos da carreira de Celso Roth desde que ele despontou para o futebol, friamente como ele faz:

1997 – campeão gaúcho pelo Inter, semifinalista do Brasileiro pelo Inter

1998 – tirou o Grêmio das últimas posições e colocou nas quartas-de-final do Brasileiro

1999 – campeão gaúcho pelo Grêmio, campeão da Copa Sul pelo Grêmio

2000 – campeão da Copa Nordeste pelo Sport, semifinalista do Brasileiro pelo Grêmio

2001 – semifinalista da Libertadores pelo Palmeiras, foi demitido ocupando o 5º lugar no Brasileirão, depois que ele saiu o Verdão caiu para 12º e ficou fora da fase final

2002 – no Santos, ficou a um ponto das semifinais do Rio-São Paulo e foi o primeiro a escalar Diego e Robinho; no Brasileiro, pegou o Inter pelo caminho e não durou muito

2003 – manteve o Atlético-MG entre os sete primeiros do Brasileiro por 20 rodadas e foi demitido em sexto

2004 – terminou o Brasileiro em sexto com o Goiás

2005 – foi mal no Flamengo, mas foi o nono colocado do Brasileiro pelo Botafogo, que seria o sexto se não perdesse pontos no tapetão

2006 – ficou parado

2007 – terminou o primeiro turno do Brasileiro em terceiro lugar pelo Vasco; caiu no segundo turno com o time em 11º

2008 – foi vice-campeão do Brasileiro com o Grêmio

2009 – fez a melhor campanha da primeira fase da Libertadores com o Grêmio

Pode até não ser o maior exemplo de um técnico vencedor, mas o fato é que Celso Roth não coleciona maus resultados como se pode imaginar pelo julgamento que fazem dele.

O problema maior de Celso Roth é aquele lá de cima: a cara. Falta carisma. Ele não é engraçado, não é rabugento, não fala bonito, não chama a atenção da mídia, da torcida. Com aquela cara dele, de indiferente, não conquista ninguém. E como os títulos andam faltando em sua galeria, todo mundo torce o nariz mesmo.

Mas os resultados sempre aparecem e lá está o injustiçado Celso Roth mais uma vez, entre os melhores do campeonato. E a maior parte dos méritos são dele mesmo, porque o Atlético Mineiro não tem o melhor dos elencos, aliás fica devendo bastante para o Inter, Corinthians, São Paulo e até para o rival Cruzeiro.

Vai ser campeão? Muito difícil. Mas, com ele, o Galo pode até sonhar em Libertadores.

Isso se os torcedores não caírem na ilusão e pedirem a cabeça de Roth quando o clube cair para quarto ou quinto.

E viva Celso Roth Chilli Peppers, como diria meu amigo Rodrigo Cascino, apresentador de rádio e narrador da TV Bandeirantes.

22 de junho de 2009

DUNGA 3 x 0 LIPPI

Para quem estava torcendo tanto contra a seleção brasileira e acreditando na italiana, eu deveria estar com vergonha de voltar a escrever neste blog.

Fiquei com vergonha mesmo. Principalmente da atuação defensiva da Azurra.

Chiellini e Cannavaro ficaram perdidos. Correram atrás dos brasileiros, quando na verdade deveriam bater de frente.

Mas o problema vem da frente, do primeiro combate, que não existiu.

Enquanto os meias italianos batiam cabeça com a movimentação dos brasileiros, Gattuso estava sentado no banco.

Foi o erro de Lippi. Abriu mão da marcação logo diante do Brasil. Suicídio.

Até baleado valeria à pena escalar o volante do Milan. Não pelo futebol, mas pela garra, pelo combustível emocional.

A Itália sem Gattuso foi um time sem alma. E não há no grupo italiano um jogador que o substitua.

Escrevi uma vez uma coluna sobre a falta que o guerreiro fez ao Milan enquanto esteve fora na temporada passada. Foi a mesma coisa.


E se Marcello Lippi pisou na bola, Dunga acertou em cheio. Deixou a teimosia de lado e se rendeu ao time que deu certo.

A movimentação de Ramires fez diferença no meio-campo brasileiro. Além de mais uma opção criativa, os espaços surgiram para Kaká. E os italianos ficaram perdidos.

Talvez contra um Brasil mais burocrático a Itália teria se saído melhor.

Mas dois gols em contra-ataques e um placar de 3 a 0 nas costas antes do intervalo foi peso demais.

A Azurra até arrumou a casa para o segundo tempo e pressionou em busca do gol, mas aí o Brasil soube se defender como a Itália não soubera na etapa inicial.

E a luta que era por uma vitória virou luta por um golzinho salvador, que evitasse a eliminação.

O gol não saiu. A Itália tentou na força, com chutes de meia distância e bolas aéreas. Faltou o jeito, que sobrou no time brasileiro.


É hora de repensar a renovação italiana. Totti, Del Piero, Di Natale ou Cassano não teriam resolvido melhor a questão?

Nem falo em Giovinco, meia da Juve, e Balotelli, atacante da Inter, porque estão servindo a Azurra Sub-21 no Europeu da categoria.

Mas os dois merecem estar nesse grupo, assim como o lateral Santon, que não teve chance de estrear.

Lippi convocou mal, escalou mal, se deu mal. Lição para as Eliminatórias. E para que a volta à África do Sul em 2010 seja mais produtiva.

19 de junho de 2009

Alerta azul


Olha o estrago que o Egito está fazendo nesta Copa das Confederações. Começou com o Brasil, passou pela Itália e pode acabar de novo no Brasil.

A seleção brasileira ainda teve ajuda do “ponto” amigo e conseguiu vencer por 4 a 3. A italiana não teve a mesma sorte. Levou um gol de bobeira e não tem criatividade para jogar contra dez guerreiros egípcios fechados na defesa.

Martelou, martelou, martelou e nada.

Iaquinta é o mais fraco dos bombers italianos, mas ganhou o privilégio de ser o homem de área. Não deu certo. Parou nas mãos do goleiro, na falta de pontaria.

Enquanto isso, outros ótimos centroavante jogavam abertos e recuados, muito distantes daqueles fios de nylon que eles são especialistas em balançar.

Lippi escalou bem, com Rossi, Iaquinta e Quagliarella juntos. Pena que cada um estava a 5 quilômetros do outro.

Quem sabe jogar como ponta é Pepe, que entrou no segundo tempo e botou fogo na partida.

Camoranesi também sabe. Ficou sentado, assistindo, enquanto Montolivo entrou para fazer nada.

O tempo passa, torcida brasileira, dizia Fiori Gigliotti.

O tempo acaba, torcida italiana, disse o árbitro.
E fim de jogo. Egito 1, Itália 0.


ALERTA AZUL!!

Para a Itália, que precisa vencer o Brasil por 2 a 0 para não depender de ninguém.

Para o Brasil, que vai enfrentar uma Itália muito mais determinada e ainda joga por classificação.


Um empate garanta a seleção brasileira na primeira posição do grupo.

Mas seria muito mais negócio enfrentar a Azurra já classificada ou até precisando de um empate, conformada com o segundo lugar.

O orgulho italiano está ferido com o tombo diante do Egito, enquanto a seleção brasileira curte o topo do mundo com a vitória sobre os Estados Unidos.

É o cenário mais perigoso.

Chegou o teste de verdade para Dunga. E uma derrota por 2 a 0 pode custar até a eliminação brasileira.

Rascunho aqui um cenário bem realista:

Egito 3 x 0 EUA – os egípcios chegam motivados pela vitória sobre a Itália e a boa atuação contra o Brasil, cientes de que são a grande sensação da Copa das Confederações.

Itália 2 x 0 Brasil – jogo truncado, chato, brigado. A Itália segurando o Brasil e apostando nos contra-ataques e bolas aéreas. Um gol de cabeça de Luca Toni. Um de Camoranesi nas costas de Kleber ou André Santos.

E o Brasil não teria chances nem de pegar a Espanha.

Está mais nas mãos de Lippi do que de Dunga.

Não é difícil.

16 de junho de 2009

Dunga pode acabar em Joel

Começou a Copa das Confederações. Não fui para a África do Sul, mas estou trabalhando tanto que é como se eu estivesse lá. Na verdade, bem pior. Estou vivendo a competição sem conhecer as belezas do país, sem conhecer os estádios, sem ver os belos jogos de perto, só na telinha HD da Band. Como é incrível a alta definição!!

Queria ter escrito sobre o torneio antes dele começar, dar uma de profeta. Comentar agora, depois que os times já entraram em campo parece fácil demais.

E o pior é que grande parte das minhas impressões se fez verdade: a Espanha sobrando no Grupo A, a Itália sempre eficiente mesmo sem encantar e o Brasil dependendo do talento individual de cada jogador, ou seja, um enorme ponto de interrogação.

Não sei se estou misturando análise com torcida, mas o Brasil corre um sério risco de levar três porradas seguidas e dar de cara com a realidade.

Porrada 1: Itália

Provavelmente a seleção brasileira vai chegar ao jogo contra a Itália para decidir o primeiro lugar, talvez até dependendo da vitória. E contra os campeões do mundo não será tão fácil marcar gol. Se Júlio César hoje é o melhor goleiro do mundo, Buffon está pelo menos entre os três e têm à sua frente o sistema defensivo mais bem armado.

Além disso, Pirlo, De Rossi, Gilardino, Ton
i e Rossi são bem mais perigosos que Aboutrika, Zidan e cia. Não será surpresa alguma se o Brasil for derrotado e ficar com o segundo lugar do grupo.

Porrada 2: Espanha

Se passar em segundo lugar, a equipe de Dunga vai dar de cara com a embalada Espanha, que não perde a liderança do Grupo A nem se a FIFA der 4 pênaltis de presente para cada adversário, como deu ao Brasil diante do Egito pelo ponto do árbitro Howard Webb (nada me tira da cabeça que o inglês foi avisado por imagens de TV).

O fato é que num duelo Brasil x Espanha, tudo pode acontecer. Goleada brasileira, empate sofrido e decisão por pênaltis ou até uma boa vitória espanhola. Aposto na última hipótese e confesso que torço por ela.

A Fúria tem dois atacantes tão bons quanto os do Brasil, mas leva vantagem na habilidade do meio-campo, não pela disponibilidade, mas pelas opções de cada treinador. Com Xavi, Fábregas, Xabi Alonso, e agora Riera, os espanhóis têm uma variedade de opções ofensivas que a seleção amarelinha não dispõe.

E na defesa são duas equipes que se assemelham, ambas apostando principalmente na boa performance de seus goleiros.

Porrada 3: África do Sul

Esta tem tudo para ser a mais dolorosa. Eliminada pela Espanha na semifinal, a seleção de Dunga ainda tem que permanecer na África para disputar o terceiro lugar.

E o pior: se nada correr fora do normal, tem tudo para ser contra os donos da casa, afinal, mesmo empatando na estréia, a África do Sul é favorita à segunda posição do Grupo A, e não tem forças para eliminar a Itália na hipótese que estamos criando.

Imagine a seleção sul-africana super motivada pela chance de enfrentar o poderoso Brasil, diante de sua torcida, uma festa enorme nas arquibancadas. Imagine o ânimo dos brasileiros para disputar um terceiro lugar depois de serem desmoralizados perante Itália e Espanha.

É o jogo da glória de Joel Santana. Um nó tático em Dunga. Uma festa incrível no gramado. A prova para todo o Brasil de que ele não é só uma figura folclórica de prancheta na mão.

São só hipóteses, mas que correm sério risco de se tornar realidade.

13 de junho de 2009

Cristiano Ronaldo. Ele pode.


Fantástico. É o que respondo cada vez que me perguntam sobre a contratação de Cristiano Ronaldo pelo Real Madrid, por 94 milhões de euros.

E as minhas justificativas vão na contramão do que pensam muitos colegas jornalistas e torcedores de futebol.

Gosto desta movimentação, gosto da formação de dream teams, gosto do poder do dinheiro fazendo a diferença, do futebol movendo grandes quantias, sendo notícia.

É a marca do capitalismo que rege o mundo e do qual não podemos fugir, para tristeza dos chatos socialistas que pregam a divisão equalitária e todo aquele blá, blá, blá...

Além disso, sou fã confesso de Cristiano Ronaldo. Gosto dele como gostava de Edmundo, justamente pelo jeito marrento, por se achar o melhor do mundo, porque de fato ele é parte deste grupo.

Ele pode. Costumo comparar o comportamento do lusitano com o daquelas mulheres lindas que, por serem detentoras de uma beleza descomunal, empinam o nariz e ignoram o resto do universo. “Muito metida”, dizem uns. “Ela pode”, respondo eu.


Kaká x Cristiano Ronaldo

Sugiro uma rotação em 45 graus do sinal acima. Os dois não vão duelar, vão somar e juntos podem produzir jogadas inacreditáveis.

Aproveitando a comparação já feita neste texto, eu diria que Cristiano Ronaldo e Kaká vão formar uma dupla como a de Edmundo e Evair no Palmeiras. Personalidades antagônicas, estilos de jogo que se encaixam.

Também não acredito que possa haver uma guerra de vaidades, até porque o ego de Kaká é muito bem resolvido.

Vou além: a contratação de Cristiano Ronaldo foi ótima para o craque brasileiro, que pode desfilar seu futebol mais à vontade, deixando os holofotes para o ídolo português.

Onde isso vai parar?

A pergunta que fica no ar é: qual será a próxima contratação surpreendente de Florentino Pérez? O presidente madridista já arrebatou dois dos três maiores astros do futebol mundial na atualidade.

Falta um. Mas este seria o golpe mais ousado da história do esporte bretão, digno de estátua para o dirigente na capital espanhol, não só no clube. A idéia de ver Messi trocando o azul-grená do Barça pelo branco do Real Madrid é surreal, com todos os trocadilhos possíveis da palavra.

Não vai acontecer. Pelo menos é o que prefiro acreditar.

A partir daí, surge uma gama de possibilidades. Para abalar novamente o mercado, Pérez precisa pensar em Ibrahimovic, Drogba, Lampard ou Eto’o (foto), passando a perna no rival se for este o grande objetivo. O ex-atleticano Fernando Torres também seria um golpe de mestre do dinheiro no romantismo.

Porém, parece que Florentino tomou um pouco de juízo neste tempo fora do comando e não está pensando apenas em marketing. Daí surgem nomes como o lateral brasileiro Maicon (foto), o zagueiro Vidic, do Manchester United, e o atacante David Villa, que já é o terceiro maior artilheiro da história da seleção espanhola, mas está longe de ser um fenômeno midiático.

Camisa

Aproveitando a deixa da coluna anterior sobre a camisa de Kaká, Cristiano Ronaldo já tem numeração para o novo clube. Vai usar a 9, já que sua adorada 7 está ocupada por ninguém menos que Raul Madrid. Este, pelo visto, resiste ao poder dos milhões. É um intocável.

11 de junho de 2009

Caliente Sudamerica

Para quem não joga, como eu, é sentar no sofá e preparar a pipoca... a reta decisiva das Eliminatórias Sul-Americanas vai ser emocionante.

Faltando apenas quatro rodadas, apenas duas das dez seleções do continente não têm mais chances de ir à África do Sul: Peru e Bolívia. De resto, todo mundo na briga.


Os líderes

Brasil, Chile e Paraguai estão em vantagem, com a faca e o queijo na mão, mas não podem relaxar.

Até o Brasil que é líder precisa se cuidar. Os jogos fora de casa contra Argentina e a Bolívia com toda sua altitude são muito difíceis, o Chile têm se mostrado o “moleque travesso” da competição e não será surpresa se a decisão ficar para o último jogo, com a Venezuela.

O caso da seleção paraguaia é o mais alarmante: a equipe está em queda e já não vence há quatro jogos. Menos mal que, dos quatro jogos restantes, três serão em Assunção.

O Chile é a grata surpresa destas Eliminatórias. De mansinho, foi conquistando resultados e chegou a figurar na ponta durante a rodada de ontem. Ainda enfrenta o Brasil, mas, se fizer a lição de casa contra Venezuela e Equador estará na Copa.

Luz de alerta

A Argentina, se continuar, perdendo pontos bobos, como aconteceu no Equador e já tinha rolado diante da Bolívia, pode se complicar bonito.

Na próxima dupla de rodadas, a equipe enfrenta os dois adversários mais fortes: Brasil e Paraguai.

Uma derrota para a seleção brasileira no clássico de Buenos Aires não seria um resultado atípico. Conquistar uma vitória em Assunção não é tarefa das mais fáceis.

A Argentina corre sério risco de chegar aos dois jogos finais fora da zona de classificação para a Copa do Mundo – e o último confronto é o clássico com o Uruguai em Montevidéu.

Meu palpite: é hora de lançar Maradona como candidato a presidente e colocar um técnico de verdade no banco de reservas.

Salve-se quem puder

Equador, Uruguai, Colômbia e Venezuela. Estas são as seleções que vão se matar pra valer – e dificilmente pela vaga direta, mas por um lugar na repescagem.

A diferença de 3 pontos entre o Equador, quinto colocado, e a Venezuela, última desta lista, chega a ser insignificante.

Para mim, a vaga fica entre equatorianos e uruguaios e o jogo-chave desta disputa será na penúltima rodada, quando Equador e Uruguai se enfrentam em Quito.

Depois dela, o Uruguai recebe a Argentina em casa. O Equador vai a Santiago enfrentar o Chile. É melhor resolver a questão o quanto antes.

E você, aposta em quem?? A Argentina pode ficar fora da Copa??

10 de junho de 2009

A roupa do rei de Madri

A decisão mais difícil Kaká já tomou: aceitou deixar o Milan para jogar no Real Madrid.

Agora, o craque brasileiro pode se deliciar com uma dúvida bem menos ardorosa: qual o número da camisa que vai usar no novo clube.

O Real ofereceu-lhe o emblemático número 5, que por tanto tempo pertenceu a Zidane. O próprio francês, agora consultor da comissão técnica madridista, apoiou a idéia, ciente de que seu legado cairia em bons pés.

Kaká não quis. Preferiu evitar comparações com Zidane, este já um imortal na história do futebol. Foi a razão que ele deu na coletiva de imprensa. Mas vai muito além. O príncipe quer construir uma história própria no Real Madrid.

Mas, afinal de contas, com que roupa vai desfilar o novo galã da capital espanhola?

O craque disse na coletiva que o Real lhe entregaria uma relação dos números disponíveis, mas tirando a camisa 5, os únicos números vagos são aqueles superiores a 25.

Será que Kaká vai adotar um daqueles números estratosféricos? Inventar uma camisa 82, referente ao ano de nascimento, como Ronaldinho Gaúcho fez para usar a 80 no Milan?

Vale lembrar que o número 22 escolhido por ele no rubronegro italiano foi em razão da data de nascimento, 22 de abril de 1982.

Outra opção é esperar a saída de algum jogador ou impor a condição de novo astro do time e dar um “chega pra lá” na camisa de alguém. Neste caso, Kaká provavelmente optaria por um de seus números já tradicionais.

- camisa 8, usada no São Paulo e na seleção brasileira, pertence ao volante argentino Fernando Gago

- camisa 22, número que marcou os tempos de Milan, está com expressivo zagueiro do Torres

- camisa 10, atual número do ídolo na seleção e clássica representação de “craque do time", atualmente em posse do meia holandês Sneijder.

Palpites

O meu palpite inicial era pela camisa 22, número que já é marca de Kaká, aproveitando-se da inexpressividade de Torres no elenco madrilenho.

No entanto, existe algo que muito me intrigou: no site do Real Madrid em inglês, Sneijder já não tem mais a camisa 10, originando um duplo 23 entre ele e seu compatriota Van der Vaart. Será algum sinal??

Minha aposta atual passa a ser a camisa 10. Além da coincidência no site e de ser o clássico número do craque, é emblemático para o ambicioso projeto do Real Madrid: conquistar sua Liga dos Campeões de número 10 no ano de 2010.

E vocês, apostam em qual camisa para o novo rei de Madri?

9 de junho de 2009

O príncipe vira rei: inevitável!!



O anúncio oficial da ida de Kaká para o Real Madrid foi apenas a confirmação de uma transferência que se fazia inevitável pelas circunstâncias nas quais se encontram todos os envolvidos na negociação.

Os ventos do destino criaram uma situação da qual nem o jogador nem os clubes poderiam escapar. Some-se uma grave financeira mundial aos títulos que não chegaram para o Milan na temporada e à ausência da equipe na última Liga dos Campeões. Adicione o fracasso de um Real Madrid pé-no-chão e sua carência por um grande ídolo.

A negociação foi boa para todas as partes: Kaká é a solução dos problemas do Real Madrid. A transferência é a solução das dívidas do Milan. E a camisa branca do time merengue é o gás que o craque precisava para continuar jogando no mais alto nível.

Vamos entender um pouco mais cada lado dessa história??

MILAN – o pomposo clube italiano não soube se adequar a uma temporada de plebeu. Fora da Liga dos Campeões, deixou de receber todo o dinheiro que a maior competição de clubes do mundo proporciona. Precisava apertar os cintos, lacrar o bolso, mas em vez disso contratou caros medalhões como Ronaldinho Gaúcho, Shevchenko e Beckham.

O investimento até cobriria uma parte do rombo se, com ele, viessem também os títulos. Mas as faixas de campeão não deram as caras por Milanello na temporada. O clube caiu cedo na Copa da Uefa, na Copa da Itália e ficou bem distante da rival Inter no Italiano.

Com tudo isso, os cabelos de Adriano Galliani (foto) só não caíram quando ele fechou o balanço financeiro da temporada por um motivo bem simples: o responsável pelo futebol milanista já não os têm. A conta rubra deixou negra a situação do Milan. Era a hora de se desfazer do maior ídolo para deixar as contas em dia.

Claro que, atendendo à torcida, o Milan poderia fazer um esforço para manter Kaká e se desfazer de outros jogadores, mas essa é uma hipótese romântica demais para a realidade mercadológica do futebol atual.

A perda de vários elementos seria muito mais difícil de recompor. O volume do vai-vem no futebol europeu já não é mais o mesmo e não há tantos bons jogadores no mercado.

Além disso, o Milan não tinha como recusar os caminhões de dinheiro do Real Madrid. Se declinasse a oferta, dificilmente voltaria a receber outra semelhante.

O tempo desvaloriza o jogador. Não por queda de rendimento ou porque ele fique velho, a experiência até faz bem, mas o tempo de “vida útil” diminui e o contrato se aproxima do fim. Quando ele termina, o jogador fica livre para decidir seu destino e o clube não leva nada em troca.

O Milan aproveitou o potencial de Kaká ao máximo, como poucas vezes se viu no futebol. Tirou-o do São Paulo ainda jovem, a “preço de banana” como se dizia na época, e formou um craque maduro, que se tornou o melhor jogador do mundo, o maior ídolo da exigente torcida rossonera.

A recompensa por esse trabalho veio primeiro em forma de títulos e, agora, o clube italiano colhe os benefícios financeiros. Uma valorização de aproximadamente 800%. Além disso, criou com o jogador uma relação de eterna e mútua gratidão, que pode o trazer de volta um dia.

Por mais contraditório que pareça, a saída para o Real eternizou Kaká em Milanello.

REAL MADRID – a política pés-no-chão implantada por Ramón Calderón não deu certo no clube merengue. O título espanhol já não sacia o apetite do maior campeão europeu de todos os tempos – e nem nacionalmente o Real, repleto de holandeses, conseguiu se impor.

Além de conquistas, o torcedor madridista ficou carente de títulos. Não soube se adequar a um elenco de jogadores “apenas” bons – precisava de grandes astros, dignos de Hollywood. Estava com saudades de um tempo não muito distante em que o clube era o centro das atenções no mundo do futebol. Uma era galáctica, de craques como Ronaldo, Zidane, Figo e Beckham, juntos, do mesmo lado do gramado.
Ciente das carências, Florentino Pérez voltou à cena cheio de promessas e, claro, faturou as eleições presidenciais do clube. A proposta do dirigente era a de repetir a gestão anterior e o projeto ganhou na Europa o apelido de Galáxia 2.0.

O técnico contratado para comandar a nave foi Manuel Pellegrini. O chileno que projetou o até então inexpressivo Villarreal em nível europeu chegou com a promessa de que teria em mãos o melhor elenco do globo terrestre.

Para mostrar que não estava de brincadeira, o Real Madrid apelou para seus dois maiores trunfos: o money power, poder do dinheiro, e a grandeza mundial do clube. Com as duas cartas na mão, partiu para a realização de um sonho antigo: a contratação de Kaká.

Kaká tem a imagem necessária para ser o maior astro da capital espanhola. Kaká tem a bola necessária para fazer do Real Madrid um clube vencedor. Nunca um jogador aliou futebol e marketing tão bem como o brasileiro.

Por mais discreto que tente ser, o craque é sempre o centro das atenções, vende camisa e tem apelo junto à torcida feminina. Tudo isso sem ser polêmico e problemático como Cristiano Ronaldo, o astro que mais se aproxima dele nos tempos atuais.

Era de Kaká que o Real precisava.

KAKÁ – ídolo em Milão ele já é. Não vai deixar de ser porque está de saída. A resistência em sair no começo do ano, quando foi assediado pelo Manchester City, foi prova do quanto ele valoriza e tem carinho pelo Milan.

Melhor jogador do mundo pela Fifa, campeão da Liga dos Campeões, campeão do mundo pela seleção brasileira, campeão do mundo entre clubes, campeão italiano, campeão de tudo e admirado por todos. Na Itália, por mais que jogasse 60% do que sabe, continuaria sendo amado e idolatrado. O craque é inteligente, sabe disso e não queria se acomodar.

Kaká precisava de um novo desafio, arrebatar novos seguidores e não havia momento mais ideal para deixar o Milan. Com a saída de Carlo Ancelotti, o clube está encerrando um ciclo, do qual o brasileiro fez parte como protagonista. A perda do brasileiro será menos sentida no atual momento de renovação. É hora de dar espaço para outros.

Havia também uma preocupação com a imagem. Kaká não poderia trocar o Milan por um clube de nível inferior. Era preciso manter o status, continuar entre os maiores, na mídia, nos holofotes. E, nessas condições, apenas três destinos eram possíveis: Manchester United, Barcelona e Real Madrid.

Se desafio era a questão, Real Madrid era a melhor resposta. A cobrança por lá é enorme, uma das mais pesadas do mundo. Os torcedores e a imprensa não entendem as derrotas ou empates, exigem vitórias, títulos e bom futebol. Na capital espanhola, Kaká terá de mostrar todo seu repertório o tempo todo. E ele está adorando isso.

O que pouca gente tem comentado é o objetivo real deste ousado projeto do clube espanhol: a conquista da décima Liga dos Campeões, um marco histórico não só para o Real Madrid, mas para o futebol europeu e mundial. E Kaká tem tudo para ser o grande responsável por esse momento. Este é o grande objetivo do craque.

Se conquistar o décimo título europeu dos merengues e for ídolo no Real Madrid, já sendo idolatrado no Milan, Kaká tem tudo para alcançar a condição de mito do futebol mundial. É para isso que ele caminha.

E assim como a transferência, o trocadilho é inevitável, no Real Madrid, Kaká vai passar de príncipe a rei.