24 de junho de 2009

O injustiçado Roth


Olhe bem para a foto do cidadão acima. Com todo respeito às profissões que vou citar, poderia ser um porteiro de prédio, motorista de ônibus, um operário de fábrica, o típico trabalhador brasileiro. Esse sujeito tem cara de tudo, menos de treinador de futebol. E é exatamente isso que faz de Celso Roth o mais injustiçado dos técnicos deste país.

Muitos podem dizer que estou pegando carona no bom momento do Atlético Mineiro no Brasileiro. Eu provaria o contrário mostrando que já escrevi uma coluna com essa mesma teoria há três ou quatro anos. Provaria, porque não encontrei link nenhum da maldita para publicar neste blog recém-criado.

Voltando à questão. Celso Roth é sempre recebido com nariz torto pelos torcedores dos clubes que o contratam. Foi assim com meu amigo Filipe Abreu, companheiro de trabalho na TV Bandeirantes. Ele me passou a novidade com um tom de sofrimento antecipado e eu respondi brincando: “Bom, pelo menos vocês não vão mais ser rebaixados”.

Depois, com um pouco mais de seriedade, repeti minha tese de injustiça com este que é um dos técnicos mais regulares do futebol nacional e projetei que, com ele, o Galo estaria entre os oito primeiros do Brasileirão, no mínimo, e provavelmente entre 2º e 6º, já aproveitando para brincar mais uma vez com a fama de “nada vencedor” do treinador gaúcho.

Explico minha crença: os times de Celso Roth podem até não jogar o futebol mais vistoso, mas ocupam sempre as primeiras posições da tabela, e raramente apelando para a retranca, como muitos podem alegar. Na equipes que dirige, além da tradicional garra gaúcha, o técnico prega o equilíbrio, o calculismo, o futebol de resultados. É o que garante a regularidade, principalmente em pontos corridos.

Como o torcedor de futebol em geral não aceita a vitória magra, um empate calculista pelas circunstâncias de jogo ou a segurança em detrimento do risco, solta o grito da arquibancada cada vez que Celso Roth mexe no time: “burroooo...” “retranqueirooo...”, e para infelicidade dele, estes rótulos colaram em sua imagem.

Vamos analisar, então, os anos da carreira de Celso Roth desde que ele despontou para o futebol, friamente como ele faz:

1997 – campeão gaúcho pelo Inter, semifinalista do Brasileiro pelo Inter

1998 – tirou o Grêmio das últimas posições e colocou nas quartas-de-final do Brasileiro

1999 – campeão gaúcho pelo Grêmio, campeão da Copa Sul pelo Grêmio

2000 – campeão da Copa Nordeste pelo Sport, semifinalista do Brasileiro pelo Grêmio

2001 – semifinalista da Libertadores pelo Palmeiras, foi demitido ocupando o 5º lugar no Brasileirão, depois que ele saiu o Verdão caiu para 12º e ficou fora da fase final

2002 – no Santos, ficou a um ponto das semifinais do Rio-São Paulo e foi o primeiro a escalar Diego e Robinho; no Brasileiro, pegou o Inter pelo caminho e não durou muito

2003 – manteve o Atlético-MG entre os sete primeiros do Brasileiro por 20 rodadas e foi demitido em sexto

2004 – terminou o Brasileiro em sexto com o Goiás

2005 – foi mal no Flamengo, mas foi o nono colocado do Brasileiro pelo Botafogo, que seria o sexto se não perdesse pontos no tapetão

2006 – ficou parado

2007 – terminou o primeiro turno do Brasileiro em terceiro lugar pelo Vasco; caiu no segundo turno com o time em 11º

2008 – foi vice-campeão do Brasileiro com o Grêmio

2009 – fez a melhor campanha da primeira fase da Libertadores com o Grêmio

Pode até não ser o maior exemplo de um técnico vencedor, mas o fato é que Celso Roth não coleciona maus resultados como se pode imaginar pelo julgamento que fazem dele.

O problema maior de Celso Roth é aquele lá de cima: a cara. Falta carisma. Ele não é engraçado, não é rabugento, não fala bonito, não chama a atenção da mídia, da torcida. Com aquela cara dele, de indiferente, não conquista ninguém. E como os títulos andam faltando em sua galeria, todo mundo torce o nariz mesmo.

Mas os resultados sempre aparecem e lá está o injustiçado Celso Roth mais uma vez, entre os melhores do campeonato. E a maior parte dos méritos são dele mesmo, porque o Atlético Mineiro não tem o melhor dos elencos, aliás fica devendo bastante para o Inter, Corinthians, São Paulo e até para o rival Cruzeiro.

Vai ser campeão? Muito difícil. Mas, com ele, o Galo pode até sonhar em Libertadores.

Isso se os torcedores não caírem na ilusão e pedirem a cabeça de Roth quando o clube cair para quarto ou quinto.

E viva Celso Roth Chilli Peppers, como diria meu amigo Rodrigo Cascino, apresentador de rádio e narrador da TV Bandeirantes.

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito melhor que Wagner Mancini e Ricardo Gomes!

Filipe Abreu disse...

Vai ser campeão em 2009.