22 de julho de 2009

O sumiço de André Santos e Cristian



Não aconteceu ainda, mas vai acontecer. O sorriso de André Santos, sempre muito receptivo às solicitações da imprensa, e as lágrimas de Cristian na despedida do Corinthians serão lembranças bem distantes dentro de alguns meses.

O futebol turco cresceu muito nos últimos anos, é verdade, principalmente após o terceiro lugar da seleção local na Copa do Mundo de 2002 e da surpreendente campanha do mesmo Fenerbahçe na Liga dos Campeões de 2008.

Mas o que pouca gente prestou atenção é que André Santos e Cristian não vão disputar a mais importante competição de clubes do mundo nesta temporada. Os representantes da Turquia serão Besiktas e Silvasspor. O Fenerbahçe vai jogar apenas a Liga Europa, que chega para substituir a Copa da Uefa.

O fato é que aquele time do Fener só apareceu mesmo para o mundo após as oitavas-de-final. Só então os europeus passaram a prestar atenção em Alex, Lugano, Maldonado, no técnico Zico e em jogadores da seleção turca, como Semih Senturk.

E foi só. A boa fase da equipe turca naquele momento não foi o suficiente para levar Alex, Edu Dracena ou Deivid para a seleção brasileira, como bem lembrou a amiga e repórter da Band, Emmily Virgílio.

Acho muito difícil que venha a acontecer algo diferente. Talvez André Santos permaneça no time de Dunga pelo sentido de grupo que o treinador tenta manter, mas ainda assim ele terá a forte sombra de Marcelo, que deve brilhar num Real Madrid galáctico.

Já para Cristian, que vinha sendo alardeado como um dos melhores volantes em atividade no Brasil, deve ter sido mesmo um tiro no pé em termos de Copa do Mundo.

Claro que uma transferência para a Europa envolve muitos outros fatores, como dinheiro e a vontade do clube e de empresários, mas se os jogadores tiveram participação na decisão final, creio que optaram pelo caminho errado.

No Corinthians, seguiriam em destaque para o Brasil e certamente receberiam propostas de clubes com maior visibilidade. É aí que eu me pergunto: será que foram corretamente instruídos?

7 de julho de 2009

Inevitável comparação


Após a apresentação de Cristiano Ronaldo, foi inevitável a comparação com a festa promovida uma semana antes para a chegada de Kaká.

Tem sido assim desde que os dois foram contratados. E deve ser assim por muito mais tempo, quando os dois estiverem em campo.

A imprensa nacional, principalmente a não esportiva, se prendeu aos números de público: nas contas do Real Madrid, quase 85 mil para o português contra 40 mil do brasileiro.

Na verdade, acho que foi um pouco menos. Quando Kaká chegou, falava-se em 35 mil e esse número foi inflando. Para Cristiano Ronaldo, 85 mil seria a lotação do estádio. Não foi tanto.

O fato é que Kaká e Cristiano Ronaldo são mesmo diferentes. Em todos os aspectos. É quase como se fossem mocinho e vilão.

E, convenhamos, existem vilões que são muito mais amados que certos mocinhos. Tem sido assim com o craque lusitano, novo dono da camisa 9 merengue.

E se é pra comparar, então, que o façamos em todos os aspectos:

Kaká custou 65 milhões de euros.
C.Ronaldo custou 94 milhões de euros.

Kaká levou quase 40 mil torcedores ao Santiago Bernabeu. Metade do estádio.
C.Ronaldo levou mais de 80 mil e bateu o recorde histórico de apresentações de jogadores, lotando a casa madridista.

A apresentação de Kaká tinha um mistério a mais: qual seria o número que o craque iria vestir. Já o portuga entrou com uma ousada camisa 9 escrita apenas Ronaldo, sem o C. que usava no Manchester United, quase uma provocação ao Fenômeno brasileiro que usou o mesmo número em sua segunda temporada em Madri (vale lembrar que inicialmente Ronaldo foi 11).

Kaká mostrou a camisa 8 e balançou.
C.Ronaldo beijou o escudo do Real.

Kaká decorou um discurso em espanhol, língua que pouco domina.
Cristiano Ronaldo se deixou levar pela emoção e foi no improviso.

A torcida escutou Kaká atentamente.
O gajo mal conseguia falar. A torcida ia ao delírio a cada 5 palavras ditas pelo português.

Kaká, maduro, parecia mais acostumado a grandes públicos.
C.Ronaldo se mostrava emocionado como um menino diante da multidão.

Kaká e Cristiano Ronaldo encerraram o discurso com o mesmo “Hala Madrid” para inflamar o público. O brasileiro o fez timidamente e balançou o estádio. O português convocou a torcida para gritar junto numa contagem até 3, gritou com as mãos para o alto e quase derrubou o Santiago Bernabeu.

Após o discurso, Kaká cumprimentou, autografou, desfilou.Cristiano Ronaldo fez questão de brincar com a bola, fazer seus malabarismos.

Dentro de campo, acho que os dois vão se equivaler. Melhor: podem se completar. Kaká é marido. Cristiano é amante.

Ou, parodiando a ótima letra de Arnaldo Jabor em Amor e Sexo: Cristiano Ronaldo é do bom. Kaká é do bem.

Kaká é amor. Cristiano Ronaldo é sexo.

Confesso que me empolguei mais com a apresentação do português. E discordo de quem acha que ele foi falso ao dizer que estava realizando um sonho de criança. Todo garoto europeu quer jogar no maior clube do mundo. Por que com ele seria diferente?

A emoção estava estampada no rosto de Cristiano Ronaldo. Depois dessa, ninguém mais segura o rapaz. Era o que faltava para ele ter certeza de que está no topo do mundo (porque essa desconfiança ele já tinha).

Vale a pena rever abaixo o grande momento da apresentação:


6 de julho de 2009

Visões sobre Dunga



Um dos temas mais abordados neste blog desde a criação dele tem sido o atual técnico da Seleção Brasileira, Carlos Caetano Bledorn Verri, o Dunga.

Quem lê os meus textos, deve imaginar que tenho ódio mortal pelo capitão do tetra. Aí é que está o maior engano. Ele é um dos meus maiores ídolos.

Já escrevi em outros sites a respeito. Para mim, existem dois Dungas. O ex-jogador e o técnico da seleção brasileira. Não consigo separá-los.

Existe, no entanto, um terceiro Dunga, que poucos conhecem. O ser humano, sem cargo, sem rótulo, sem câmeras, microfones, flashes ou aspas.

O nosso chefe de redação lá no esporte da Band, Dudu Magnani (na foto, fazendo hang loose!), trouxe no blog dele uma visão bem interessante sobre o treinador e ex-jogador.

Recomendo a leitura.

Fui tocado em cheio pelo texto e publico abaixo o comentário que deixei no blog do Dudu. Ajuda bastante a entender o modo como escrevo sobre o técnico da seleção.

“Eu era desses meio com o pé atrás em relação ao Dunga técnico da seleção..

Tanto por acreditar que ele poderia, por exemplo, treinar seu Colorado de coração antes para pegar mais cancha, mas principalmente porque fui fã do Dunga jogador e achava que essa experiência na seleção iria queimar o passado vencedor dele com a amarelinha...

Depois, comecei a torcer contra mesmo, por discordar totalmente das opções dele... coisas de torcedor... sem contar que não achava nada a ver aquele jeito exótico de se vestir no começo... era a desconstrução de um mito.

Confesso que já estou mudando de idéia. Mas tenho saudade de admirar o Dunga de 94, de querer jogar como ele (sempre fui volante), de dar o mesmo sangue que ele, nos jogos ou na vida, de defender a presença dele no time que foi à França em 98...

O "meu Dunga" é o ídolo jogador, e acho que sempre vai ser. O Dunga técnico pra mim é outro. Sorte sua que, além dos dois, conhece o Dunga ser humano, ou seja, o verdadeiro Dunga.”

5 de julho de 2009

Comentando Comentários I










Amigos que acompanham este humilde blog. Digo amigos porque descobri que tenho, sim, seguidores das bobagens que escrevo e faço questão de agradecê-los.

O único sentido de publicar o que penso é ter público. É a teoria da comunicação. Todo emissor precisa de um receptor.

E fico muito feliz a cada comentário que recebo, principalmente quando postados naquele tópicozinho (olha o cacófato) “pitacos” abaixo de cada texto.

Tem gente que eu nem esperava que freqüentasse este espaço, como o Otávio, velho amigo de faculdade, e o Bruno Menon, ex-cunhado. E tem outros que eu praticamente obrigo a ler, como Fernando Chiari, fiel parceiro de trabalho. Tem até o Karan Novas, também jornalista, que é provavelmente o meu leitor número 1.

Agradeço profundamente por comentarem e, por isso, criei uma seção que vou publicar de vez em quando, chamada Comentando Comentários.

O título é auto-explicativo. Faço questão de rebater cada comentário recebido, afinal os leitores são parte fundamental deste blog, e pinta muita coisa boa nos pitacos de cada texto.

Vamos lá??


Karan, amigo e jornalista, disse em 15 de junho: "Cristiano Ronaldo é um pobre diabo, apesar de não mais pobre, por questões óbvias, e não mais diabo, por deixar o Red Devils. Sua marra vai além da parte gloriosa, como um Ibrahimovic - que se diverte com a bola nos pés -, chegando a um ar de superioridade que vai além dos campos, quase passível de ser considerado um "mau caratismo". Ele é do tipo invejoso, que corre o risco de não se dar bem ao lado de um galáctico "à moda antiga" como Kaká, por puro ego, como foi citado. Se o brasileiro tem essa questão tirada de letra, o português é bem grosseiro com essa bola nos pés".

Eu digo: Brilhante texto, mas não acho que o ar de superioridade tenha relação alguma com “mau-caratismo”. Ainda aposto que vai se dar bem. E estou ansioso para ver mais essa apresentação galáctica.



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Karan, amigo e jornalista, disse em 16 de junho sobre a seqüência de derrotas que poderia derrubar Dunga: "Se acontecer tudo isso, já que é tudo baseado em hipóteses bem convincentes, o Dunga cai? Posso torcer?"

Eu digo: Torcemos, os dois. Agora vamos com o homem mesmo.

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Fernando Chiari, amigo e jornalista, disse em 22 de junho... "É, sr Wilson... Jamais o ataque vai ganhar um jogo pra Itália. Quando a defesa vai mal, um abraço".


Eu digo: Assino embaixo. Se depender só do ataque, um abraço. Mas vou dizer: a Itália está repleta de bons atacantes. Toni, Gilardino, Rossi, Del Piero, Borriello, Pepe, Cassano e ainda vem por aí... Balotelli, Acquafresca, Paloschi. O problema está na criação. Giovinco?? Pode ser uma boa. Sou fã do menino da Juve.

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Otávio, amigo e radialista, disse em 23 de junho... "Quem diria ein rapa, vc falando bem da seleção do Dunga, e eu vindo aqui pra comentar de futebol!!! Hahaha... Mas ae... Balotelli não dah ein manow... E cade um post sobre a saída do Muricy???? Abraço!!!"

Eu digo: Quem diria mesmo! Otávio, hoje trabalhando na ESPN, é da turma que entrou na faculdade de RTV da Metodista com repulsa de futebol. Não entendia meu fanatismo. Acho que isso mudou um pouco. Quanto ao Balotelli... o garoto é bom de bola, só precisa acertar a cabeça. Quanto ao Muricy... a Copa das Confederações estava a mil e não tive tempo, mas em breve vou escrever sobre a dança das cadeiras.

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Anônimo disse no dia 24 de junho, a respeito de Celso Injustiçado Roth: "Muito melhor que Vagner Mancini e Ricardo Gomes!"

Eu digo: Depende do ponto de vista. Mais eficiente, tenho certeza, mas acho até que o Vagner Mancini tem mais potencial para armar grandes equipes. E fica a pergunta: quem é o tal do anônimo?


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Filipe Abreu, atleticano, disse em 30 de junho, sobre Celso Roth: "Vai ser campeão em 2009".

Eu digo: Torcedores... Não acredito em tanto. Libertadores tá bom pra você?


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Karan, jornalista e amigo, disse no dia 25 de junho...

"Começo a achar que, se Dunga não tem experiência e visão ampla de um bom técnico, tem sorte o suficiente para suprir a deficiência. Meu medo é toda essa sorte ficar no caminho de uma Copa do Mundo, com todos os times "pequenos" entrando em campo como Egitos e Estados Unidos, bons exemplos a serem estudados para 2010.


Ou ele vai tropeçando e derrubando, por "acidente", os adversários até nosso sexto título; ou passa vergonha a ponto de borrar sua boa fama dentro de campo. Ainda prefiro os campeões por competência, mas se for para reforçar que ainda somos o melhor futebol do mundo, mesmo sem mostrar isso nos campos africanos, torço para a primeira opção".

Eu digo: Confiemos na sorte de Dunga e no talento dos nossos jogadores, afinal são eles que resolvem. Técnico bom é pra time fraco. O dever de um treinador com elenco forte é cuidar dos egos e não fazer cagada.


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Filipe Abreu, jornalista e amigo, disse no dia 30 de junho... "É verdade, só mesmo os deuses do futebol pra explicar como essas coisas dão certo pro Dunga. A final do domingo mostrou isso de novo. Elano no lugar do Ramires? E o cara bate o corner na cabeça do Lúcio. Eita Dunga".

Eu digo: Mais uma vez a sorte do homem. É bom saber eu não estou sozinho nessa parada.

3 de julho de 2009

Aplausos para André Santos


Quanta evolução!!

De jogador contestado e vaiado pela torcida do Figueirense a herói do tricampeonato corinthiano na Copa do Brasil e representante do time paulista na Seleção Brasileira.

Muito graças a Mano Menezes que conseguiu ensinar um pouco de marcação, e principalmente, o que é obediência tática ao camisa 27 do Corinthians.

A bela assistência no primeiro e o gol do título foram um prêmio merecido a um jogador que soube tirar aprendizado das críticas e nunca abaixou a cabeça.

André Santos ainda é deficiente no setor defensivo, mas ataca como poucos, não só indo à linha de fundo, mas também criando e finalizando com eficiência e vigor físico.

Bem que poderia ter sido assim na final de 2007...


O passado negro de André

Lembro-me dos tempos em que escrevia a seção Fala Fanático do site Fanáticos por Futebol, há pouco mais de três anos. André Santos era o principal alvo das críticas.

Como não perder a paciência com um jogador que atacava de maneira afoita, não tinha a menor noção de marcação e deixava buracos enormes no lado esquerdo da defesa?

Volta e meia, André dava demonstrações de sua habilidade criando jogadas de gol e até marcando os próprios gols, mas não era o suficiente.

Por isso, foi por um bom tempo apenas o reserva do ótumo Filipe, que está hoje no futebol espanhol e pode pintar como novidade no Barcelona para a próxima temporada.


O dedo de Mário Sérgio

Até que Mário Sérgio descobriu a receita do sucesso. No Figueirense vice-campeão da Copa do Brasil de 2007, escalou o time com três zagueiros.

Édson, que no mesmo ano disputou a Copa do Mundo Sub-20 com a seleção brasileira, fazia o falso lateral-esquerdo para dar cobertura aos avanços de André Santos, enquanto Chicão, outro que deu certo no Corinthians, ocupava o centro da zaga, mais na sobra.

Daí pelo resto do ano o Figueira passou a jogar no 3-5-2, mesmo após a chegada do técnico Gallo, e André Santos se tornou um dos destaques do time, pela eficiência ofensiva.

Tanto que foi eleito por muitos o melhor lateral da competição e acabou pinçado por Mano Menezes para o projeto Série B no Corinthians.


A evolução final

O treinador escolhido pelo Timão para levar o clube de volta à primeira divisão resolveu escalar o time no 4-4-2. Era hora de amadurecer o futebol de André Santos.

Mano Menezes, com muita inteligência e visão do material que tinha em mãos, tratou de providenciar a cobertura necessária para que o lateral jogasse tudo o que sabe, ao mesmo passo em que lapidava sua capacidade defensiva.

Deu certo. Com gols e assistências, André Santos se tornou rapidamente um dos ídolos da Fiel torcida e uma das principais e letais alternativas ofensivas do Corinthians.


Ganhou a Série B, ganhou o Paulistão, ganhou a seleção brasileira, a titularidade na Copa das Confederações, a Copa do Brasil e agora tem tudo para ganhar a Europa (e tem que aproveitar o momento para conseguir uma boa transferência).

Não me arrependo das críticas e aplaudo, muito, a evolução de André Santos, que fez um brilhante ano de 2007 pelo Figueirense, apesar dos erros anteriores da imaturidade.

Isto é Real Madrid


Foi difícil não se emocionar com a apresentação de Kaká ao Real Madrid.

O clube espanhol preparou um mega-evento, mais de 35 mil torcedores apareceram para recepcionar o craque brasileiro, mas não foi apenas Kaká o dono da festa.

Foi o pontapé inicial de mais uma era galáctica, uma forma de anunciar ao planeta bola: “estamos de volta”.

Uma autêntica cerimônia de gala, transmitida ao vivo pelo Real Madrid Channel, com distribuição para todo o mundo, via outros canais ou agências internacionais.

Logo na abertura, um belo clipe com imagens históricas do Real, com ênfase na primeira era galáctica, dando o tom do que está por vir pelas próximas temporadas.
Tudo com muita pompa e garbo, bem ao modo Florentino Pérez, com direito a um belo pronunciamento do novo velho presidente, que volta ao cargo com status de salvador.


O protagonista

A entrada de Kaká foi o momento de êxtase.

Já vestido de branco, para delírio da torcida, mas mantendo o mistério do número, só revelado com uma outra camisa, que chegou dobrada ao grande palco.


Minha aposta na camisa 10 não se concretizou, baseava-se numa possível preferência do clube. O craque escolheu o número 8, que usou por muito tempo na seleção brasileira, enquanto ainda havia outros à sua frente.

O uniforme do Real caiu muito bem em Kaká. Talvez por ser do mesmo fornecedor (Adidas) e ter o mesmo patrocinador (Bet and Win), mas também por simbolizar grandeza.

Kaká não fala espanhol e costuma não se arriscar nas entrevistas coletivas. ‘Habla’ para os espanhóis em português mesmo ou italiano, quando solicitado.

Para a apresentação, porém, tratou de ensaiar um breve discurso em espanhol, muito bem pronunciado diga-se de passagem, e com direito a um enfático "Hala, Madrid" ao final - o tradicional grito de guerra da torcida merengue. O rapaz é diferenciado.

O Real Madrid também separou um clipe só com a carreira do brasileiro. Do São Paulo ao Milan, com as passagens vitoriosas pela seleção brasileira. Teve até gol narrado do Galvão, junto com outras locuções italianas.

Para finalizar, a aproximação do craque com a torcida ao som de uma bela opereta espanhola. Coisa fina.


O maior do mundo

Não há como negar: o Real Madrid é o maior clube do mundo. Grandiosidade traduzida em títulos, vide as 9 Ligas dos Campeões conquistadas e expostas na apresentação de Kaká, e na repercussão de cada ação do madridismo.

Imaginem agora como será a apresentação de Cristiano Ronaldo. Já estou ansioso. Não havia porque gastar dois trunfos tão grandes numa apresentação só. Vão lotar o Bernabeu de novo.

Estou de queixo caído. E olha que nem sou muito adepto dos merengues.

1 de julho de 2009

Vai na raça mesmo


E deu Brasil mesmo na Copa das Confederações.

No início da competição, escrevi sobre o risco que a Seleção Brasileira corria de levar três chapuletadas seguidas e voltar sem crédito. Não me arrependo. O risco existia de fato. E era risco não probabilidade.

Quem acabou com a teoria foi o Egito, naquela brava vitória diante da Itália. A Azurra se perdeu ali. Entrou desesperada para mostrar grandeza diante do Brasil e não soube fazer o jogo que costuma lhe render resultados. Aquele foi o grande jogo da seleção brasileira, que tirou todas as ameaças do caminho.

Dali em diante, ficou tudo mais fácil e fora da minha previsão. O Brasil só perderia três seguidas com o trauma psicológico de um segundo lugar na chave e com uma embalada Espanha pela frente na semifinal. Não foi o caso.

Aí você me diria: mas se a Fúria perdeu para os Estados Unidos, não poderia perder também para o Brasil? Claro que sim. Mas tenho certeza de que entrariam muito mais atentos se tivessem a equipe pentacampeã do mundo pela frente. E, de qualquer forma, aquela derrota espanhola foi um resultado atípico.

Sem ter que encarar a Espanha, com uma final contra os Estados Unidos, o título estava no papo. Quase isso. A seleção norte-americana era a marca da superação no torneio e provou mais uma vez estar nos dias de sorte. Conseguiu 2 a 0 no primeiro tempo.

Poderia muito bem ter sido o resultado final da partida e hoje estaríamos todos criticando o técnico da seleção brasileira ferrenhamente.

O mérito de Dunga

Na etapa final da decisão, porém, veio a marca principal do que pode levar essa seleção de Dunga ao título mundial em 2010: individualidade dentro de campo + coletivo fora dele.

Escrevi após a vitória diante do Uruguai, há menos de um mês, que os resultados do Brasil vinham sendo construídos sobre valores individuais, com a vantagem técnica dos jogadores que vestem amarelo sobre os demais.

Faltou enxergar um pouco além. Dunga pode cometer equívocos de convocação, escalação, armação do time. Mas soube construir um grupo, de verdade, onde um quer ajudar o outro. Mais ou menos como Felipão em 2002. E bem diferente de Parreira em 2006.

O poder de reação daquele time do quadrado mágico era inferior. Individualmente, era tão bom quanto o atual. Mas agora os jogadores correm um pelos outros, enquanto no time de 2006 era praticamente cada um por si.

Além disso, se não ajuda, pelo menos Dunga não atrapalha na disposição tática da equipe. Há uma mobilidade infinitamente maior que nos tempos de Parreira – o que impedia, por exemplo, um bom rendimento de Ronaldinho Gaúcho.


Continuo achando que temos técnicos melhores que Dunga. Mas estou convencido de que agora não dá mais pra mudar. Os jogadores se fecharam com ele. E nós, torcedores, temos de nos fechar também.

Time que joga pra frente, técnico estrategista e com visão de futebol, isso não vai ter. Mas temos os melhores: Júlio César, Maicon, Daniel Alves, Juan, Lúcio, Kaká, Robinho, Pato, Luís Fabiano. Quando eles querem, fica difícil segurar.