1 de julho de 2009

Vai na raça mesmo


E deu Brasil mesmo na Copa das Confederações.

No início da competição, escrevi sobre o risco que a Seleção Brasileira corria de levar três chapuletadas seguidas e voltar sem crédito. Não me arrependo. O risco existia de fato. E era risco não probabilidade.

Quem acabou com a teoria foi o Egito, naquela brava vitória diante da Itália. A Azurra se perdeu ali. Entrou desesperada para mostrar grandeza diante do Brasil e não soube fazer o jogo que costuma lhe render resultados. Aquele foi o grande jogo da seleção brasileira, que tirou todas as ameaças do caminho.

Dali em diante, ficou tudo mais fácil e fora da minha previsão. O Brasil só perderia três seguidas com o trauma psicológico de um segundo lugar na chave e com uma embalada Espanha pela frente na semifinal. Não foi o caso.

Aí você me diria: mas se a Fúria perdeu para os Estados Unidos, não poderia perder também para o Brasil? Claro que sim. Mas tenho certeza de que entrariam muito mais atentos se tivessem a equipe pentacampeã do mundo pela frente. E, de qualquer forma, aquela derrota espanhola foi um resultado atípico.

Sem ter que encarar a Espanha, com uma final contra os Estados Unidos, o título estava no papo. Quase isso. A seleção norte-americana era a marca da superação no torneio e provou mais uma vez estar nos dias de sorte. Conseguiu 2 a 0 no primeiro tempo.

Poderia muito bem ter sido o resultado final da partida e hoje estaríamos todos criticando o técnico da seleção brasileira ferrenhamente.

O mérito de Dunga

Na etapa final da decisão, porém, veio a marca principal do que pode levar essa seleção de Dunga ao título mundial em 2010: individualidade dentro de campo + coletivo fora dele.

Escrevi após a vitória diante do Uruguai, há menos de um mês, que os resultados do Brasil vinham sendo construídos sobre valores individuais, com a vantagem técnica dos jogadores que vestem amarelo sobre os demais.

Faltou enxergar um pouco além. Dunga pode cometer equívocos de convocação, escalação, armação do time. Mas soube construir um grupo, de verdade, onde um quer ajudar o outro. Mais ou menos como Felipão em 2002. E bem diferente de Parreira em 2006.

O poder de reação daquele time do quadrado mágico era inferior. Individualmente, era tão bom quanto o atual. Mas agora os jogadores correm um pelos outros, enquanto no time de 2006 era praticamente cada um por si.

Além disso, se não ajuda, pelo menos Dunga não atrapalha na disposição tática da equipe. Há uma mobilidade infinitamente maior que nos tempos de Parreira – o que impedia, por exemplo, um bom rendimento de Ronaldinho Gaúcho.


Continuo achando que temos técnicos melhores que Dunga. Mas estou convencido de que agora não dá mais pra mudar. Os jogadores se fecharam com ele. E nós, torcedores, temos de nos fechar também.

Time que joga pra frente, técnico estrategista e com visão de futebol, isso não vai ter. Mas temos os melhores: Júlio César, Maicon, Daniel Alves, Juan, Lúcio, Kaká, Robinho, Pato, Luís Fabiano. Quando eles querem, fica difícil segurar.


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